Os dados são atualmente um ativo organizacional chave e estão revolucionando a forma como as empresas operam na maioria dos setores. Todas as empresas, independentemente de seu segmento de atuação ou porte, precisam agora ser ‘um negócio de dados’.
À medida que o mundo se torna mais inteligente, os dados tornam-se críticos para alavancar vantagem competitiva. São o principal ativo intangível da nova economia, o que significa que a capacidade de uma empresa competir será cada vez mais impulsionada pela forma como aproveita dados internos e externos, analisa esses dados de forma qualitativa e quantitativa, implementa novas tecnologias e ferramentas analíticas e toma decisões e propõe estratégias com base em dados, e assim alcança desempenho superior aos concorrentes que não utilizam dados na sua gestão estratégica.
A transição para a economia baseada em dados é uma das principais tendências do mundo dos negócios e representa dinâmicas empresariais, de mercado e tecnológicas que empresários e executivos não podem se dar ao luxo de ignorar. Pelo contrário, devem analisar proativamente como alavancar tendências para orientar investimentos que acelerem suas capacidades de antecipar, mudar e responder aos desafios da economia em constante mudança.
Compreender o futuro é uma atividade empresarial cada vez mais difícil e relevante para os negócios e a pesquisa de tendências e sua interpretação e utilização estratégica é uma das mais eficazes maneiras que as empresas têm à disposição para analisar o mercado, superar a concorrência e criar lealdade nos clientes.
As mudanças do nosso tempo são rápidas, radicais e transversais a muitos setores econômicos. Os consumidores têm uma grande influência no desempenho do mercado, o que afeta drasticamente as estratégias de negócios. Nesse sentido, a análise de tendências oferece grandes oportunidades e benefícios para a realização de ações capazes de gerar ideias para a inovação nos negócios e o aumento da lucratividade.
Uma tendência pode ser considerada como um processo de mudança que resulta da observação do comportamento dos consumidores e que origina a criação e o desenvolvimento de novas ideias de negócios, de produtos e serviços, de marcas ou de ação estratégica. É um processo comportamental que está presente em mentalidades emergentes e que é suportado por interpretações passíveis de gerar insights capazes de serem convertidos em estratégias de negócios.
Nós definimos ‘tendência’ como todo movimento social, espontâneo ou induzido, em torno de mudanças de comportamento em um grupo de pessoas significativo, identificáveis ao longo de um tempo determinado. Isso exige observação de mercado, integração de informações internas com fontes de dados externas e capacidade para refinar dinamicamente modelos matemáticos e algoritmos para incorporar inputs sobre as mudanças de mercado observadas.
Na análise de tendências, modelos matemáticos baseados em relações estatísticas de dados devem ser suficientemente consistentes para captar a mudança e a dinâmica das interações que a análise estatística de dados identifica. Esses modelos devem ser construídos para aprender e ajustar-se à paisagem mutável das influências externas. Isso coloca essa questão diretamente no domínio de uma aplicação avançada de inteligência artificial e de aprendizagem de máquina, de modo que os modelos de previsão de tendências possam desempenhar um papel crítico no mapeamento da trajetória de tendências emergentes e demandas de mercado.
As empresas que organizam seu modelo de gestão estratégica orientado a dados fazem isso de forma coordenada, como parte de uma pauta estratégica defendida pela alta liderança e inserida na cultura organizacional para os tomadores de decisão em todos os níveis, capacitando os executivos para reconhecer a importância estratégica dos dados e a utilizar ferramentas quantitativas para tomar as melhores decisões.
Este manifesto expressa nosso ponto de vista sobre a relevância da Competição Analítica como um modelo de gestão de negócios que utiliza business analytics para a definição de estratégias competitivas, visando à inovação e à criação de valor para as empresas.
Ao expressar nossas opiniões sobre o tema, queremos sensibilizar e mobilizar empresários e executivos, em especial os de setores da economia intensivos em conhecimento, para a utilização da análise de dados na tomada de decisão estratégica, com vistas à obtenção de vantagem analítica no novo cenário e contexto dos negócios da Analytics Economy.
Ter uma estratégia de dados clara é absolutamente vital quando se considera o volume de dados disponível hoje em dia. Mas em vez de começar com os dados, cada negócio deve começar com a sua estratégia de gestão de dados. Não importa que dados existem, que dados já estão sendo coletados, que dados os concorrentes estão analisando ou que novas formas de dados estão disponíveis. Também não importa se o negócio tem dados prontos para análise à sua disposição. Uma estratégia de dados eficaz diz respeito com o que a empresa quer alcançar e como os dados podem ajudá-la a chegar lá.
A utilização de Data Science está mudando radicalmente a forma como as empresas estão prevendo seu desempenho futuro em busca de competitividade sustentável. As análises oriundas da tomada de decisão baseada em dados permitem a observação de tendências e a geração de insights para que os executivos possam definir estratégias para resolver problemas, melhorar processos, gerar inovação e. principalmente, buscar competitividade.
Na nossa visão, no cerne da Competição Analítica está a utilização de business analytics como método de gestão que engloba a utilização de análises estatísticas, previsões, modelos, e simulações aos gestores organizacionais para ajudar a aumentar as receitas, reduzir os custos, ou ambos, a partir de análises preditivas e prescritivas para a otimização de negócios.
Consideramos que dados e a análise de tendências permitem atuar em ambientes competitivos de mudanças disruptivas, incertezas radicais e as oportunidades que elas trazem para os negócios e a sociedade. Atuando nessa lógica competitiva, as empresas podem criar vantagem analítica, aqui conceituada como a capacidade dinâmica obtida pelo uso estratégico de análise quantitativa de pequenos e grandes volumes de dados, métodos estatísticos, algoritmos de modelagem descritiva, preditiva e prescritiva, e gerenciamento baseado em fatos para orientar decisões e ações, que permite às empresas buscar vantagem competitiva sustentável.
Muitas empresas têm estratégias de dados alocadas em áreas específicas do negócio, mas isso não é suficiente; elas precisam de um plano de dados em âmbito corporativo. Existe ainda uma percepção de parte dos empresários e executivos de que os dados e sua análise são puramente uma questão de Tecnologia da Informação. Na nossa experiência, as estratégias de dados que são conduzidas dessa forma tendem a se concentrar no armazenamento de dados, segurança e integridade, em vez de em objetivos estratégicos de longo prazo e de como os dados podem ajudar a atingir esses objetivos. É por isso que a estratégia de dados deve ser um foco da liderança da alta direção.
Chamamos as empresas que atuam nessa nova lógica de ‘competidores analíticos’. Atuando com foco na Competição Analítica, elas sabem que produtos os seus clientes querem, mas também sabem que preços esses clientes pagarão, quantos artigos cada um comprará numa vida, e que estímulos farão as pessoas comprar mais. Conhecem os custos de produção e as taxas de rotatividade, mas também podem calcular para quanto o pessoal contribui ou diminui o resultado e como os níveis salariais se relacionam com o desempenho dos indivíduos. Elas sabem quando os estoques estão esgotando, mas também podem prever problemas com a procura e as cadeias de fornecimento, para alcançar taxas elevadas de pedidos lucrativos.
Esse tipo de empresa estrutura seu modelo de gestão de negócio em estratégias defendidas pela alta direção e cria uma cultura organizacional que capacita os executivos para reconhecer a importância estratégica dos dados e a utilizar ferramentas analíticas para a tomada de decisão.
Acreditamos que o ponto de partida dessa jornada data-driven começa com um diagnóstico da maturidade em Competição Analítica que possa orientar escolhas estratégicas condutoras de ganhos competitivos. A escalada da maturidade em Competição Analítica pressupõe o domínio nas dimensões de Posicionamento Estratégico e Foco Analítico, Liderança Transformadora e Equipes Multidisciplinares, Tomada de Decisão Baseada em Dados, Domínio de Data Science e Business Analytics, e Orientação para o Mercado. Com base nesses pilares, as empresas podem diagnosticar sua evolução por estágios, avaliando o domínio dessas dimensões como estratégia de gerenciamento da informação organizacional, com ênfase na geração de valor nos negócios e na avaliação de oportunidades de novos produtos e serviços, visando guiar decisões de investimentos e inovações para o mercado.
A partir desse diagnóstico, uma agenda estratégica de Competição Analítica impulsionará mudanças na definição de estratégias, escolha de tecnologias de hardware, software e bancos de dados, mudanças em processos para abordar gerenciamento adequado de dados, desenvolvimento de competências analíticas e a criação de uma cultura organizacional data-driven. Como em qualquer grande projeto de mudança, isso requer liderança por parte da alta direção para colocar a análise de dados como um bloco central de construção para melhores escolhas na Analytics Economy.